domingo, 19 de maio de 2013

Na Mesa (ou busca infinitiva)

Vasculhei, olhei, perto longe
Revirei aqui e acolá
Nada achei

Continuou a buscar.
Que de tão somente fico
A raiva tema aumentar

São tantos troços entre os traços
Que contraditoriamente
Incrédulo, chego a perguntar:
"Meu Deus onde estará?

Sob a Metamorfose
Ou ao lado d'O Velho e O Mar"

Preciso, desenhar, rabiscar, escrever
Continuar a criar
Mas sem ele, vou perder

Capacidade efêmera de guardar.
O que insisto.
Acresce o desejo de encontrar

Na mente não rende
Que contraditoriamente
Queria conservar
É sabido, não caberá

Me parece tarde, esqueci
Deixa pra lá.


Edu Castro e João Paulo Nascimento.

sábado, 20 de abril de 2013

Hacai

Uma vez rabisquei
Um papel de poema
Hoje sei, errei

A viagem de ônibus e o amigo indesejado.


Acontece com todo mundo (entre aqueles que pegam ônibus). Normalmente é na ida, a caminho da escola, da faculdade, do trabalho. Digo que é na ida, porque na volta normalmente estamos cansados e com preguiça mental tal que pouca coisa importa, senão chegar em casa.

Você entra no ônibus, paga a passagem e em meio aos Joãos e as Marias – que estão sempre lá no ônibus nosso de cada dia – você encontra aquele amigo de outrora, aquele amigo da época do ensino médio, aquele melhor colega da época do estágio, ou o amigo da época que você ia pra igreja, enfim, um ‘ex-amigo’.

O que você queria fazer era cumprimenta-lo e sentar-se em um lugar onde não teria ninguém pra incomodar, onde só estivesse você e seus pensamentos, com espaço para no máximo e apenas seu fone ouvido e suas músicas. Entretanto a cadeira do lado deste ‘ex-amigo’ está vazia e é lá que você se senta.

- Meu deus quanto tempo! [Exclama]

- Que saudade. [Mentira].

- Como tá todo mundo lá?

Mais umas três ou quatro perguntas e cessa o mendigo diálogo. E isso antes de passar três pontos de ônibus, nem um quinto da viagem concluída.

Pronto. Chegou ao estágio mais chato da viagem. Não tem mais assunto. Olha-se pra um lado, olha-se pro outro lado...

Confesse isso já aconteceu com você!

Uns mais desinibidos inventam assuntos e conseguem fazer uma viagem tranquila com a companhia inesperada. Outros, assim como eu, não conseguem. Peço licença, coloco o fone de ouvido e volto Aos Vivos de Chico César, que a essa altura já lamenta a morte do pai de Benazir. 

terça-feira, 12 de março de 2013

Fui caminhar por um momento

Para relaxar meu pensamento
Fui caminhar por um momento
Parei na Praça do Entroncamento
Como não sosseguei
Então caminhei
Andei por mais uma hora
Logo estava na rua da Aurora
Vendo uma paisagem maravilhosa
O lindo Capibaribe
Que natureza honrosa

Declaração de beleza
É falar dessa natureza
Recife, que nobreza
Então distrai meu pensamento
O que durou um bom tempo
Porém voltei a ficar preocupado
Estava muito atormentado
E não sabia o porquê
Mas tudo passou
Quando encontrei você.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Eu bem te vi: me leve

Me leve
Sou leve
Não negue
Que me segue

Já te vi
Me olhando
Sonhando
Eu bem-te-vi

Era dia
Tinhas mordomia
Porque sabia
Qu'eu também queria

Já te vi
Me olhando
Navegando
Eu bem te vi

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Ressaca.

Quem nunca, no meio de uma dor de cabeça infernal deu uma risada, de leve, lembrando-se da noite anterior? Você nunca? Lamento... Você sim?! Continuemos.

O guru do Crato, Xico Sá, outro dia afirmou que só na ressaca o homem é bom por inteiro. Em meio aquela dor de cabeça, aquela moleza no corpo, aquela mente dispersa, aquela inércia moral, física e intelectual, total torpor. Em meio a essas sensações qual o homem(mulher) que seria capaz de pensar em maldade, pensar em ludibriar alguém?

A ressaca é como uma cicatriz de honra, uma marca de uma batalha vencida (às vezes não!). Assim como as cicatrizes de Ulisses provocadas por sua odisseia astuciosa.

Todos os humanos devem possuir uma história de ressaca para contar!

“Meu Deus, minha cabeça vai explodir, nunca mais faço isso”, “nunca mais bebo vinho”, “nunca mais vou brincar com bebida”... Linda mentira! Vai sim repetir, sabe por quê? Por causa da noite anterior. (Você que já teve uma ressaca me entende). No máximo vai trocar a vodka pelo Uísque, ou o vinho pela cerveja, entretanto vai repetir à dosagem a altura e terá outro dia de inércia e torpor.

É um pouco ressacado que termino minha primeira crônica porque na noite passada era carnaval e eu estava pelas ruas do Recife. Até o próximo, onde estarei outra vez ébrio pelas ladeiras de Olinda durante o dia, e de cérebro perturbado pelas ruas do Recife durante a noite onde escreverei mais uma crônica embriagada.